Nada é mais salutar para um homem que enxergar a excessiva malignidade de cada pecado. Para isso algumas coisas devem ser lembradas.
Deus fez todas as coisas muito boas (Gn 1.31) – Dotadas de perfeições necessárias que eram adequadas a cada ser criado, de modo que nenhum ser criado por Deus pudesse encontrar falha ou reclamar, como se houvesse alguma falha na sua criação.
No entanto, dos seres criados, os dois de grau mais eminente, seres morais... pecaram. Anjos e homens deixaram sua posição original. Anjos pecaram e não guardaram o seu principado, mais deixaram sua habitação: “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;” - Judas 1:6 – Adão, o cabeça federal da humanidade, pecou também (Gênisis 3) – E assim, “por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Todos pecaram em Adão.
Quando os anjos caíram, Deus os deixou irrecuperáveis. Deus não poupou nem teve misericórdia dos anjos que pecaram: “Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.” - 2 Pedro 2:4 –
O que deixa claro que Deus não deve oportunidade, salvação... a nenhum ser criado. E se Deus resolvesse não salvar ninguém, mas exercesse sua justiça sobre todos os anjos e todos os homens, estaria sendo justo e nenhum dos Seus atributos estariam sendo violados.
Deixa claro também que arrependimento é um dom da graça dado em Cristo para os eleitos do Pai. Como Deus não concedeu aos anjos esse dom, eles não se arrependem. É inútil dizer que os anjos tem “livre-arbítrio” e por isso poderiam ser arrepender verdadeiramente... Eles são, como os homens, escravos de suas naturezas caídas e inimigas de Deus. Sem a ação soberana de Deus providenciando salvação, arrependimento... uma criatura caída segue segundo sua natureza caída; natureza com a qual não foi criada e que é consequência (do justo julgamento ) do seu pecado e rebelião ).
Cristo Jesus, o Mediador e Redentor, não tomou sobre si os anjos, não morreu por seus pecados... portanto eles não podem se arrepender, não que alguém os impeça, mas suas naturezas caídas e depravadas são sua escravidão... Como os homens caídos, eles não são livres de suas naturezas caídas. Sem uma obra soberana de Deus, sempre escolherão segundo suas naturezas. Tanto o arrependimento quanto o perdão dão dons da Graça que o Pai concede em Seu Filho soberanamente. Ele não concedeu aos incontáveis anjos caídos... Ele exerceu sua justiça... O argumento de que Deus TEM que fazer algo, que Ele está obrigado porque senão Ele não é amor, por exemplo... é um argumento fútil... Ele não está obrigado a salvar nenhuma criatura caída, e quando Ele não exerce sua misericórdia, a criatura caída segue o curso do seu pecado; pecado que é senhor sobre o pecador. Todos os anjos estão perdidos, Deus não exerceu misericórdia e graça... e Deus continua sendo Justo, amor, Santo, Bom... “Pois ele diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão". - Romanos 9:15
Deus não proveu arrependimento, perdão, salvação para os anjos, como diz Hebreus: “Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de Abraão.” - Hebreus 2:16 – Mas aos“descendentes” de Abraão, segundo a graça. Aprouve a Deus ter misericórdia e benevolência tão somente segundo o beneplácito da sua vontade. Se assim desejasse poderia agir com todos os homens como agiu com os anjos, exercendo justiça. Mas nos é dito: “Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade” - Efésios 1:11
Não há no homem retidão alguma ou esperança em si mesmo: “naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo.” - Efésios 2:12-13
Sem a ação do Espírito o homem jamais se convence do que o seu pecado é realmente, o pecado escraviza e mantém no homem o engano de que ele é livre: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.” João 8:34 – e o convence também de que ele está vivo: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,” - Efésios 2:1 – Se Deus não libertar o homem, ele segue em sua escravidão, ele nada pode fazer por si mesmo como os anjos caídos - “Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de Abraão.” - Hebreus 2:16
Ter uma visão clara da queda, sua profundidade, extensão... é essencial, mas essa visão tem sido perdida. A visão bíblica da Queda na igreja de nossos dias é rejeitado por muitos. E todas as heresias, em algum ponto, se relacionam com o não entendimento da profundidade da Queda humana.
Precisamos ver o que realmente é o pecado, quão totalmente mau é cada pecado e as consequências devastadoras dela nas criaturas sob sua escravidão.
Isso nos levará a admirar de maneira inigualável a rica e livre Graça de Deus. Nos levará a ver de fato tudo que nos foi concedido em Cristo por meio de sua cruz. Não só perdão, mas arrependimento, regeneração... o querer e o efetuar em todos os aspectos da Salvação que nos é concedida por graça. Veremos de maneira clara então que a Lei de Deus é perfeita, justa e boa, não havendo mácula nela, que de maneira justa condena todo o pecado a uma pena eterna, expressando a impossibilidade de um Deus santo não odiar o pecado e nem sua Ira não ser despertada por ele.
A visão correta da malignidade do pecado, sua vileza infinita, nos levará a odiá-lo e entendermos a profundidade do arrependimento bíblico, a profundidade do arrependimento que Deus concede. Nos levando a ver que a justiça que condena o homem é boa e santa.
Outro efeito disso é nos levar a amar e servir a Deus enxergando quão grande graça foi exercida sobre nós. Vendo a negridão e vileza completa do pecado, admiraremos a beleza incomparável e transcendente da santidade de Deus.
Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. - Romanos 7:13
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