A Morte do Demônio /// Remake para uma geração que não sabe brincar
6 hours atrás / autor: Marton Santos / em: Cinema0
Evil Dead, ou A Morte do Demônio, como é chamado aqui no Brasil o filme de 1981, é um clássico do cinema. Não só por inovar em várias técnicas de efeitos especiais que seriam posteriormente aprimoradas e usadas amplamente pela indústria, mas também por conseguir algo raro: romper a barreira dos filmes trash e entrar definitivamente no imaginário da cultura pop mundial. O filme é tosco, tem interpretações ruins, uma edição problemática, foi feito com pouco dinheiro, tempo e recursos, mas é recheado de algo que não tem preço: alma.
O diretor uruguaio Fede Alvarez ficou famoso na internet com o curta-metragem Ataque de Pánico!, que mostrava Montevidéu sendo destruída por um ataque de robôs alienígenas, e assim acabou apadrinahdo por Sam Raimi, diretor e roteirista do Evil Dead original, e escolhido para tocar o remake/continuação. O próprio Sam Raimi revisitou sua obra em Evil Dead 2 (chamado aqui de Uma Noite Alucinante) e não teve os mesmos pudores em alterar tudo aquilo que julgou problemático, também fazendo umremake que não era remake ou uma continuação que não era continuação. Curioso, portanto, ver como o primeiro filme é tratado agora como cânone e homenageado à exaustão por um diretor novato mas extremamente competente. Novamente cinco jovens se hospedam em uma cabana no meio do nada e encontram o Necronomicon, ou Livro dos Mortos, que traz inscrições que, quando lidas em voz alta, libertarão um mal ancestral que passa a os dominar um a um. A diferença agora é que há uma justificativa muito bem explorada para a viagem: a reabilitação de Mia (Jane Levy) que, aparentemente fragilizada, acaba sendo a primeira vítima do “Demônio”, em uma cena que reproduz de forma brilhante uma das passagens mais polêmicas do filme orginal. Seu irmão, David (Shiloh Fernandez), a namorada dele, Natalie(Elizabeth Blackmore) e os amigos Eric (Lou Taylor Pucci) e Olivia (Jessica Lucas), demoram a perceber que os problemas enfrentados pela garota não são provocados pela crise de abstinência, mas sim por uma possessão demoníaca.
O filme é muito bem executado e mistura bem o gore com o suspense, causando uma constante sensação de desconforto no espectador, mas ainda assim está longe de cumprir a promessa dos cartazes, que o chamavam de “O filme mais apavorante que você verá nessa vida“. Talvez isso aconteça justamente pelo esgotamento do gênero que o próprio Evil Deadajudou a construir. Jovens presos em um lugar remoto, garotas desfiguradas possuídas pelo diabo, sangue e vísceras não impressionam mais como há 30 anos e isso não é um demérito para o filme. Seu problema é justamente se levar a sério demais, acreditando que ao suprimir o humor quase inconveniente das tomadas improváveis de Raimi, o filme se tornaria mais assustador. Não torna. Se a graça caricata e a interpretação canastrona de Bruce Campbelltomaram as rédeas da franquia original, a nova carece de um pouco de carisma e despretensão. E para quem acha que um filme assim não funcionaria hoje em dia, basta assistir ao excelente Arraste-me Para o Inferno, dirigido por ninguém menos que Sam Raimi.
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