sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Morte do Demônio /// Remake para uma geração que não sabe brincar

A Morte do Demônio /// Remake para uma geração que não sabe brincar

6 hours atrás / autor:  / em: Cinema0
evildeadcartaz A Morte do Demônio /// Remake para uma geração que não sabe brincar
#sóquenão
Evil Dead, ou A Morte do Demônio, como é chamado aqui no Brasil o filme de 1981, é um clássico do cinema. Não só por inovar em várias técnicas de efeitos especiais que seriam posteriormente aprimoradas e usadas amplamente pela indústria, mas também por conseguir algo raro: romper a barreira dos filmes trash e entrar definitivamente no imaginário da cultura pop mundial. O filme é tosco, tem interpretações ruins, uma edição problemática, foi feito com pouco dinheiro, tempo e recursos, mas é recheado de algo que não tem preço: alma.
O diretor uruguaio Fede Alvarez ficou famoso na internet com o curta-metragem Ataque de Pánico!, que mostrava Montevidéu sendo destruída por um ataque de robôs alienígenas, e assim acabou apadrinahdo por Sam Raimi, diretor e roteirista do Evil Dead original, e escolhido para tocar o remake/continuação. O próprio Sam Raimi revisitou sua obra em Evil Dead 2 (chamado aqui de Uma Noite Alucinante) e não teve os mesmos pudores em alterar tudo aquilo que julgou problemático, também fazendo umremake que não era remake ou uma continuação que não era continuação. Curioso, portanto, ver como o primeiro filme é tratado agora como cânone e homenageado à exaustão por um diretor novato mas extremamente competente. Novamente cinco jovens se hospedam em uma cabana no meio do nada  e encontram o Necronomicon, ou Livro dos Mortos, que traz inscrições que, quando lidas em voz alta, libertarão um mal ancestral que passa a os dominar um a um. A diferença agora é que há uma justificativa muito bem explorada para a viagem: a reabilitação de Mia (Jane Levy) que, aparentemente fragilizada, acaba sendo a primeira vítima do “Demônio”, em uma cena que reproduz de forma brilhante uma das passagens mais polêmicas do filme orginal. Seu irmão, David (Shiloh Fernandez), a namorada dele, Natalie(Elizabeth Blackmore) e os amigos Eric (Lou Taylor Pucci) e Olivia (Jessica Lucas), demoram a perceber que os problemas enfrentados pela garota não são provocados pela crise de abstinência, mas sim por uma possessão demoníaca.
evildeadmiolo A Morte do Demônio /// Remake para uma geração que não sabe brincar
O filme é muito bem executado e mistura bem o gore com o suspense, causando uma constante sensação de desconforto no espectador, mas ainda assim está longe de cumprir a promessa dos cartazes, que o chamavam de “O filme mais apavorante que você verá nessa vida“. Talvez isso aconteça justamente pelo esgotamento do gênero que o próprio Evil Deadajudou a construir. Jovens presos em um lugar remoto, garotas desfiguradas possuídas pelo diabo, sangue e vísceras não impressionam mais como há 30 anos e isso não é um demérito para o filme. Seu problema é justamente se levar a sério demais, acreditando que ao suprimir o humor quase inconveniente das tomadas improváveis de Raimi, o filme se tornaria mais assustador. Não torna. Se a graça caricata e a interpretação canastrona de Bruce Campbelltomaram as rédeas da franquia original, a nova carece de um pouco de carisma e despretensão. E para quem acha que um filme assim não funcionaria hoje em dia, basta assistir ao excelente Arraste-me Para o Inferno, dirigido por ninguém menos que Sam Raimi.
Se esse remake ainda está muito acima da média da maioria dos filmes de terror produzidos nos últimos anos, carece de originalidade para se destacar, algo que é até injusto exigir de uma refilmagem, mas não a torna mais necessária. Alvarez parece tratar a franquia Evil Deade tudo que ela representa com o excesso de zelo típico dos fã, o que acaba por agregar muito pouco à mitologia da série. Se nos anos 80 e 90 Raimi não teve medo de transformar a franquia que começou com um terror com um pé (e meio) no trash, para a fantasia cômicanon-sense de Uma Noite Alucinante 3, agora parece que trilhar o caminho seguro da homenagem é a escolha certa para aproveitar melhor várias vindouras sequências. O novo A Morte do Demônio vai te deixar angustiado durante uma hora e meia dentro do cinema, mas não vai marcar uma geração e muito menos te deixar com medo do escuro na hora de dormir.

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